1
o João é pedreiro.
a Maria é empregada doméstica.
de noite
a Maria põe-se por cima do João.
é manhã
o João põe-se por cima da Maria
deixa-me
tenho de trabalhar, diz a Maria.
mas o João diz-lhe tantas coisas bonitas ao ouvido
e a Maria se entrega
deixa-se estar.
2
João é pedreiro
depois do expediente
encosta no pé sujo em frente
ao prédio
que com outros constrói.
Toma um copo de cerveja
e um gole de cachaça
toma um copo de cerveja
e um gole de cachaça
Com um aceno, pendura a conta e sai.
Nunca caiu
nunca levitou.
3
O pedreiro João, casado com a Maria, que é empregada doméstica,
trabalha mais perto da casa em que moram. A Maria, sua mulher, que é
empregada doméstica, trabalha mais longe. O pedreiro João depois de
passar pela birosca, onde zoa, e onde todos zoam de futebol, passa
pela quitanda.
quando a Maria chega, já encontra o seu prato e o seu homem à mesa.
4
O João, que é pedreiro, tem, às vezes, de fazer horas extras. A Maria,
que é empregada doméstica, por trabalhar mais longe, sempre chega
depois do João. A Maria, quando chega antes do João, por não ver luz
acesa na sala e por defeitos do AMOR, logo se aflige: por onde andará
o meu homem?
5
O João, por fazer horas extras, chega cansado e mais tarde. Nestes
dias, a Maria chega mais cedo. Por defeitos do AMOR, põe-se a cismar.
Ao ver o que se passa nos olhos da MULHER, João dá-lhe uma palmada no
cu: anda vai por a mesa.
6
A Maria, cansada de ser empregada doméstica, voltou pra terra dela.
O João ficou.
Anos mais tarde, o João voltou.
Estava mais velho, um pouco mais cansado.
Entra, disse-lhe a Maria:
vou ver se encontro água pra me lavar.
7
A Maria tinha dois filhos
um rapaz e uma rapariga.
Já os tinha antes de ti.
8
O João esfregou as mãos
e eles me aceitam
aceito-te eu.
elesbão
(21/05 e 30/05/12)
Nuvem
história
livretos
Video
Poeta Convidado
TV Futura
Alexandre Faria
Castro Alves
Maura Cristina
Sarau
dia do trabahador
Adriana Kairos
Biblioteca Parque
Daisy Santiago
Elesbão
Flávio Rangel
Gravações
Liberdade Liberdade
Machado de Assis
Manuel Bandeira
Millôr Fernandes
Monique NIx
Oficina TextoTerritório
Vanderléa Santiago
apresentação
consciência negra
independência
mulher
programação
Nenhum comentário:
Postar um comentário